Pavimentação da BR-319 só será viável com controle ambiental rigoroso, diz superintendente do Ibama no AM
Carretas e ônibus atolados na BR-319 Arquivo Pessoal O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Bentes Araújo Filho, afirma que a pavimentação da BR-319 s...

Carretas e ônibus atolados na BR-319 Arquivo Pessoal O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Bentes Araújo Filho, afirma que a pavimentação da BR-319 só será possível com controle ambiental rigoroso e respeito às leis. A declaração veio após a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciar em entrevista à Rede Amazônica a criação de uma comissão interministerial para conduzir uma avaliação ambiental estratégica voltada à recuperação da rodovia. A iniciativa reunirá o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Ministério dos Transportes, com coordenação geral da Casa Civil da Presidência da República. Inaugurada em 1976, a BR-319 tem 885,9 quilômetros de extensão, dos quais 821 ficam no Amazonas e 64,9 em Rondônia. É a única ligação por terra entre o Amazonas e o restante do Brasil. Ao longo do trajeto, a rodovia dá acesso a cidades amazonenses como Humaitá, Lábrea e Manicoré. Há mais de 30 anos, a BR-319 tem trechos não pavimentados que dificultam o tráfego e causam prejuízos a quem depende da estrada. Impasses e exigências ambientais têm impedido a reconstrução completa da rodovia. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Segundo o superintendente do Ibama, é fundamental garantir que a obra não comprometa a floresta, a biodiversidade e os povos da região. “O futuro da Amazônia exige responsabilidade pública, inteligência institucional e coragem política. A reconstrução da BR-319 precisa ser feita com fiscalização eficiente e proteção socioambiental”, destacou Joel. O Plano BR-319 Sustentável, em parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Transportes, prevê justamente a criação de mecanismos de controle ambiental rigorosos, além da participação de órgãos como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e FUNAI para fiscalizar e monitorar a região. Também está prevista uma Avaliação Ambiental Estratégica para identificar e mitigar os impactos da pavimentação, abrangendo áreas urbanas e rurais próximas, incluindo Manaus e municípios vizinhos. Além disso, o plano investe em atividades sustentáveis, como manejo florestal, pesca controlada e restauração de áreas degradadas, promovendo o desenvolvimento econômico sem abrir mão da preservação. Joel disse ainda que somente com esse compromisso será possível conciliar desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia. O governador Wilson Lima também falou sobre a importância do anúncio do Plano BR-319, que prevê a pavimentação do trecho do meio da rodovia, ressaltando que se trata de uma resposta histórica à luta do povo do Amazonas pelo fim do isolamento da região. Para o governador, o plano anunciado pelo Governo Federal representa uma oportunidade concreta de tirar do papel a recuperação da rodovia, com responsabilidade ambiental e justiça social. “Nossa demanda foi atendida e o clamor do povo do Amazonas está sendo ouvido. Finalmente, temos um plano que possibilita a repavimentação da BR-319. Depois de décadas de isolamento, foi dado um passo importante para acabar com esse isolamento, provando que desenvolvimento e preservação podem caminhar juntos em benefício de todos”, afirmou. Comissão para avaliar pavimentação e recuperação da rodovia Comissão interministerial deve fazer avaliação ambiental para recuperação da BR-319 A coordenação executiva ficará a cargo do Ministério do Meio Ambiente e atuará em duas frentes principais: A primeira envolve a realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para toda a área de influência da rodovia, com o objetivo de garantir que as decisões sobre a obra sejam tomadas com base em estudos técnicos, respeitando os limites ambientais da região e evitando impactos negativos na Amazônia, especialmente no regime de chuvas, fortemente influenciado pelas áreas de floresta. A segunda frente trata da criação de um modelo de governança para a área de abrangência da estrada, que compreende uma faixa de 100 quilômetros — 50 km de cada lado da BR-319. Essa região cobre aproximadamente 42 milhões de hectares, incluindo terras indígenas, unidades de conservação e áreas ainda sem destinação definida. Segundo a ministra, a proposta é assegurar a proteção das áreas sensíveis e, ao mesmo tempo, promover um ordenamento territorial, destinando as terras não definidas para fins de conservação, uso sustentável ou reconhecimento de territórios indígenas. “Dessa forma, é possível ter uma base técnica e um compromisso ético para que a estrada possa passar pelo processo de licenciamento com segurança, evitando a destruição dos quatrocentos quilômetros da área do meio da BR-319. Se isso tivesse sido feito desde o início, os órgãos de licenciamento teriam mais condição de se posicionar”, afirmou Marina Silva. Justiça suspende licença da BR-319