Cheia dos Rios no Amazonas Coloca 17 Municípios em Situação de Emergência
Com 144 mil pessoas impactadas, a cheia deve continuar até junho, afetando o transporte, o comércio e a rotina das cidades ribeirinhas

A cheia dos rios no Amazonas já colocou 17 municípios em situação de emergência, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil do Estado, divulgado nesta sexta-feira (9). Ao todo, 144 mil pessoas estão sendo impactadas pelo fenômeno natural. O cenário ainda deve se prolongar, com a expectativa de que as nove calhas dos rios amazonenses continuem em processo de cheia até, pelo menos, o mês de junho.
Na última atualização, municípios como Santo Antônio do Içá, Amaturá e Juruá, todos banhados pelo Rio Solimões, saíram do estado de alerta e entraram em emergência. As autoridades locais têm intensificado os esforços para mitigar os danos causados pelas inundações.
Os níveis dos rios, que variam de 9,95 metros a 27,46 metros dependendo da região, afetam drasticamente a rotina das cidades e o transporte. Em Humaitá, por exemplo, o Rio Madeira atingiu a marca de 23,14 metros nesta sexta-feira, e o município está sofrendo com a submersão de 20 quilômetros da Transamazônica. A rodovia BR-230, que é a única via terrestre ligando Humaitá a Apuí, ficou isolada, obrigando os moradores a se deslocarem em pequenas embarcações, o que gera custos elevados e riscos à segurança.
De acordo com o meteorologista Leonardo Vergasta, dois fenômenos climáticos explicam o aumento no volume das águas em comparação ao ano anterior: o Inverno Amazônico, que traz chuvas acima da média, e os efeitos do La Niña, que deixou suas consequências em abril. "As chuvas intensificadas desde fevereiro são um reflexo dessa combinação climática", afirmou Vergasta.
Com a cheia, os impactos econômicos já são visíveis. Comerciantes como Gildásio da Silva Filho, de Apuí, relatam aumento nos preços dos produtos devido ao alto custo do frete. A gasolina e o gás de cozinha tiveram aumentos significativos, afetando diretamente o poder de compra das populações locais. "O aumento do frete é inevitável. A situação está difícil para todos", comentou Gildásio.
A cheia do Rio Madeira também tem causado estragos na agricultura, devastando plantações e prejudicando a alimentação das famílias. A Defesa Civil de Humaitá estima que 16 mil pessoas já foram afetadas na zona rural do município.
O cenário é desolador, com os impactos da cheia afetando não apenas a infraestrutura, mas também a saúde e a economia local. O Amazonas enfrenta um dos maiores desafios causados pela combinação de fenômenos climáticos e pela vulnerabilidade das populações ribeirinhas.
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