Anvisa aprova novo medicamento para Alzheimer que retarda progressão da doença
Kisunla (donanemabe) atua na redução de placas no cérebro e é indicado para estágios iniciais da doença; tratamento será monitorado com rigor

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do medicamento Kisunla, cujo princípio ativo é o donanemabe, para tratamento de casos iniciais da doença de Alzheimer. Indicado para pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência leve, o remédio é um anticorpo monoclonal que se liga à proteína beta-amiloide, responsável por formar placas no cérebro.
“Na doença de Alzheimer, aglomerados dessa proteína formam placas que comprometem a função cerebral. O donanemabe atua diretamente nessas estruturas, ajudando a reduzir sua presença e, com isso, retardar a progressão da doença”, explicou a Anvisa.
O novo medicamento foi testado em um estudo com 1.736 pacientes em estágio inicial da doença. Durante 72 semanas, os participantes receberam doses controladas da substância ou placebo. Na semana 76, os que utilizaram o donanemabe apresentaram menor progressão clínica da doença em comparação com o grupo que recebeu placebo.
Contraindicações e efeitos colaterais
Apesar dos resultados promissores, o uso do donanemabe é contraindicado em pacientes que utilizam anticoagulantes, como a varfarina, ou que tenham angiopatia amiloide cerebral diagnosticada por ressonância magnética. Nesses casos, os riscos superam os benefícios.
As reações adversas mais comuns estão ligadas à infusão do medicamento, podendo causar febre, sintomas semelhantes aos da gripe e dores de cabeça. A Anvisa informou que o tratamento será monitorado sob análise rigorosa, com um Plano de Minimização de Riscos já aprovado para garantir a segurança dos pacientes.
O desafio do Alzheimer no Brasil
Aprovado para uso no Brasil, o novo medicamento surge como esperança diante da doença neurodegenerativa mais comum na população idosa. Segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer é progressivo e fatal, afetando memória, linguagem, raciocínio e comportamento. Ainda não se conhece a causa exata da doença, mas há evidências de predisposição genética.
No país, o tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) inclui atendimento multidisciplinar gratuito e medicamentos que ajudam a retardar os sintomas. No entanto, o cuidado com os pacientes vai além do tratamento médico.
“Cuidadores, familiares e profissionais devem estar atentos aos detalhes do dia a dia, como alimentação, ambiente e interação social. Esses fatores impactam diretamente a qualidade de vida de quem convive com o Alzheimer”, destaca o ministério.
Com a chegada do donanemabe ao Brasil, familiares e profissionais da saúde ganham uma nova ferramenta no enfrentamento da doença — que, mesmo sem cura, pode ter seu avanço desacelerado e a qualidade de vida dos pacientes preservada por mais tempo.
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